segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O segredo da lagartixa

"...Paranauê, paranauê Paraná.
Você diz que sabe muito, Paraná.
Lagartixa sabe mais, Paraná.
Ela sobe na parede, Paraná.
Coisa que você não faz, Paraná.
Paranauê, paranauê Paraná..."

Esse trecho de uma canção de capoeira fala de um dentre os vários fenômenos intrigantes da Natureza que despertam nossa atenção desde criança. Todo mundo alguma vez já se perguntou como é que a lagartixa consegue escalar superfícies tão lisas quanto um vidro e passear no teto do quarto sem cair. Bom, tal questão também perseguia os cientistas há muito tempo. A resposta encontrada é surpreendente. Esses répteis usam um tipo de atração eletromagnética que existe na escala molecular. As pontas dos dedos de suas patinhas têm milhões de filamentos os quis se subdividem em milhares de estruturas que receberam o nome de espátulas. Esses filamentos se valem de forças intermoleculares para grudar em qualquer superfície. É como se o bichinho tivesse nas pontas dos dedos ímãs tão poderosos que grudassem em qualquer tipo de material. Chegou-se a pensar que a lagartixa usasse algum tipo de sucção para se prender a uma superfície. mas um teste em câmara de vácuo já havia mostrado que não .

Os filamentos presentes nas patas das lagartixas apresentam forças adesivas tão grandes que com um milhão deles, equivalentes a superfície de uma simples moeda, bastariam para levantar uma criança de 20 quilos. Essas forças intermoleculares entram em ação justamente porque estes filamentos ( com espessura de um décimo do diâmetro de um fio de cabelo) ficam muito próximo da superfície.
Cálculos mostram que só mesmo forças chamadas van der Walls poderiam explicar essa capacidade adesiva. Esse tipo de força, também conhecida ironicamente como "força fraca" e cujo nome é uma homenagem ao físico holandês van der Walls (1837 - 1923), faz com que moléculas e átomos exerçam uma atração entre, que se torna mais forte à medida que eles se aproximam uns dos outros. Os milhões de espátulas dos filamentos das patinhas da lagartixa têm o poder de produzir esse tipo de força, que rapidamente interage com as moléculas e átomos das superfícies por onde ela passa.

A descoberta foi tão surpreendente que já provocou outras pesquisas, para produzir artificialmente esse fenômeno. Uma das idéias é desenvolver um tipo de robô com patas artificiais de lagartixa, de tal forma que possa ser usado em missões de resgte. Ou entao um tipo bem peculiar de cola, com a mesma propriedade eletromagnética dos filamentos do réptil.

ISTOÉ/1602-14/06/2000

Saiba um pouco mais: http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/forcas_intermoleculares.html
 

Nenhum comentário: